O BRASIL E A CONSTITUIÇÃO

Nos países mais desenvolvidos do mundo, quando o judiciário (ou qualquer dos órgãos e/ou poderes que de qualquer forma exercem o controle de constitucionalidade dos atos públicos) revelam a ocorrência de uma infração à norma constitucional, há uma verdadeira comoção popular!!! Autoridades são punidas, perdem seus cargos, poder, influência e prestígio, e frequentemente se dirigem a rede nacional de televisão para se desculpar pela afronta à norma magna da nação.

No Brasil o respeito ou não a norma constitucional é discricionário a cada governante que de tempos em tempos assume um cargo do poder executivo no país, sem falar em alguns de nossos parlamentares que criam normas descaradamente inconstitucionais e de alguns magistrados que exaram decisões com teor claramente contrário aos preceitos constitucionais.

Mais voltando ao local onde a tragédia constitucional se releva mais pungente, que é o seio do poder executivo, cotidianamente governantes determinam ações e políticas públicas que contrariam claramente a constituição, mais que aumentam em milhões a arrecadação ou diminuem brutalmente os gastos da gestão do respectivo pseudo-monarca, visto que age como se estivesse acima da própria carta que preleciona os fundamentos de nossa república.  

Enfim, o certo é que a cada notícia de afronta e desrespeito a constituição, nós brasileiros fizéssemos manifestações de parar o trânsito, com vuvuzelas e tamborins, que saíssemos de cara pintada nas ruas, que conclamássemos o responsável, real ou aparente, a dar explicações, e insuflássemos as massas com discursos homéricos, tudo com o fim de desmotivar a ocorrência de novos ataques a constituição federal.

Mas se assim fosse enfim, ao final de tanta quizumba, e a julgar pela alma festiva do povo brasileiro, acabaríamos nos arriscando a estender o carnaval pelo ano inteiro.